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quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Homem que salvou a Disney

O executivo americano Robert Iger havia acabado de assumir o posto de CEO da Disney, em 2005, quando foi assistir a uma parada com os personagens criados pela companhia fundada pelo genial Walt Disney. Tradicionais, esses eventos sempre fizeram a alegria da garotada na Disneylândia, na Califórnia. Mas ele notou algo diferente naquela ocasião que o deixou intrigado. Não havia na apresentação um único personagem desenvolvido pelos animadores da empresa nos dez anos anteriores.

O último grande sucesso do estúdio fora o filme Rei Leão, de 1994. Das criaturas ali presentes, todas as que foram lançadas de 1995 até aquele momento pertenciam à Pixar, um estúdio de animação que começara pequeno e com a qual a Disney mantinha uma parceria desde 1991. Isso quer dizer que o Senhor Incrível, o peixinho Nemo e o astronauta intergaláctico Buzz Lightyear, todos elaborados pela Pixar, exerciam naquele instante o mesmo encanto que transformou Mickey, Pateta e Peter Pan em ídolos das gerações anteriores.

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Embora, financeiramente, o grupo Disney não passasse exatamente por dificuldades, esse episódio reforçou em Iger a convicção de que o grupo vivia uma séria crise criativa que poderia comprometer a companhia no futuro. Por isso, procurou saber qual era o segredo daquela empresa que estava ofuscando a Disney. Constatou, então, que o responsável direto por tamanho sucesso era um homem chamado John Lasseter, que havia fundado a Pixar ao lado do matemático Ed Catmull, especialista em computação gráfica, e de Steve Jobs, o fundador da Apple. Lasseter era o cérebro criativo, a cabeça de onde brotavam as principais ideias de filmes e personagens da Pixar, que, em função da parceria, também beneficiavam a Disney.
O curioso da história é que o acordo entre as duas empresas estava para vencer e não havia perspectivas de renovação. Isso porque desavenças entre Jobs e Michael Eisner, o antecessor de Iger como CEO da Disney, haviam azedado as relações. Iger resolveu o impasse com uma jogada ousada: fez uma oferta de US$ 7,4 bilhões para adquirir a Pixar. O negócio foi fechado em 2006, tornando Lasseter o diretor de criação de ambas as companhias e Jobs, o maior acionista individual da Disney, dono de 7% do seu capital .

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Criador e criaturas: John Lasseter e os principais personagens dos 12 longas animados idealizados por ele e sua equipe
A concretização do negócio tornou a Pixar a joia da coroa do império iniciado por Walt Disney, na década de 1920. “Meu foco era garantir que a Disney passasse a ser guiada por suas mentes criativas, assim como fazíamos na Pixar”, disse Lasseter, em entrevista exclusiva à DINHEIRO. Hoje, no ano em que completa 25 anos e acaba de lançar Carros 2, seu 12º filme, a Pixar é a mais bem-sucedida empresa da história do cinema mundial. Somados, os 11 títulos já lançados por ela faturaram mais de US$ 6,6 bilhões apenas nos cinemas, valor que sobe para cerca de US$ 40 bilhões se a conta incluir a verba obtida com licenciamento de produtos e vendas de DVD. A expectativa é de que o sucesso se repita com Carros 2.
O sinal para isso é que mesmo antes da estreia do desenho, os produtos associados aos personagens do filme, como Relâmpago McQueen, já são procurados nas lojas. Se hoje o sucesso financeiro está mais que consolidado, justificando a operação, a verdade é que, na época da negociação com a Disney, muitos analistas de mercado consideraram absurdo o valor da transação. O autor do livro A Magia da Pixar, David A. Price, escreveu que Jobs parecia ter deixado Iger e os acionistas da Disney na miséria. Um olhar mais aprofundado, no entanto, mostrava que havia ali um casamento de interesses. “Iger sabia que a Disney precisava de Lasseter e pagou o que foi preciso para tê-lo ao seu lado”, diz Edward Jay Epstein, autor do livro O Grande Filme, sobre a evolução da indústria cinematográfica americana.
A esperança de Iger, portanto, era a mente criativa de Lasseter. Quatro décadas depois da morte do fundador da companhia, Walt Disney, em 1966, surgia um profissional de criação tão visionário. Por isso muitos passaram a acreditar que Lasseter preencheria o vazio criativo deixado pelo idealizador do Pato Donald. A primeira visita dele aos estúdios da Disney após a compra da Pixar, é um exemplo disso. Aplaudindo-o efusivamente, uma multidão de artistas da equipe foi recebê-lo, o que comprovava o prestígio que desfruta entre seus pares.
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Quarteto fantástico: da esquerda para a direita, Ed Catmull, Steve Jobs, Robert Iger e John Lasseter,
os homens responsáveis pelo sucesso da união entre a Pixar e a Disney
Em comum, Lasseter e Disney são responsáveis por um incrível dom para contar histórias por meio de animações e um grande entusiasmo pelo uso da tecnologia na criação de filmes. Se A Branca de Neve e os Sete Anões, lançado em 1937, foi o pioneiro entre os longa-metragens de animação, Toy Story, de 1995, foi o primeiro desenho feito totalmente em computação gráfica. Mais que isso, ambos desenvolveram personagens com o poder de atravessar décadas. Não se trata, no entanto, do simples uso de computadores. O mais importante é o que se vai fazer com eles. “Nem toda a tecnologia do mundo poderia entreter as pessoas. O mais importante sempre será a história e seus personagens”, diz Lasseter.
Mesmo depois da transação com a Disney, os departamentos de animação dos dois estúdios continuaram a trabalhar separados, embora contem hoje com o mesmo comandante, Lasseter, que se transformou também no conselheiro criativo da Disney Imagineering. Essa empresa desenvolve os brinquedos dos parques temáticos do grupo, que tem atualmente atrações inspiradas em Toy Story e Procurando Nemo. Para 2012, o plano é abrir A Terra de Carros, inspirada no longa-metragem da Pixar.
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A atuação de Lasseter pós-aquisição deu resultados quase imediatos. O lucro da divisão de filmes do grupo Disney subiu 64% entre 2006 e 2007, enquanto o dos parques, que incorporaram personagens da Pixar, cresceu 11%. O faturamento da Disney, que era de US$ 30,7 bilhões em 2005, alcançou a marca de US$ 38 bilhões no ano passado, a despeito dos efeitos da crise financeira do final da década. A Pixar, por sua vez, continuou sua sequência ininterrupta de filmes sucessos e venda de brinquedinhos que fazem o caixa tilintar como nunca. A lista de itens comercializados vai de canecas a games, passando por pelúcias, camisetas e artigos de higiene pessoal, como xampu e lenços de papel.
Assim, a Disney acredita que Carros 2 deva vender mais produtos que qualquer outro filme seu até hoje. Estima-se que a comercialização de produtos, apenas em 2011, supere os US$ 4,5 bilhões. Como comparação, Toy Story 3, o atual recordista, gerou US$ 2,8 bilhões em 2010. Tamanho frenesi sugere que a cultura criativa da Pixar possa ter sido cooptada pela voracidade comercial que vem desde Walt Disney, conforme escreveu o jornal Los Angeles Times. Mas, de acordo com Ed Catmull, que hoje é presidente dos estúdios Disney e Pixar, é justamente Lasseter que estaria obcecado com os licenciamentos. “Lasseter quer contar uma história que tenha um impacto na cultura”, declarou Catmull. “Ele se sente muito orgulhoso quando as crianças querem brincar com os personagens do universo que ele criou”, afirma.
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Mas, para Lasseter, não se trata da simples busca por dinheiro, porque os recursos que ele recebe não vêm dos resultados com licenciamento, diz Catmull. Ele é, como diria Walt Disney, o inventor desse modelo de negócio, hoje utilizado por toda a indústria do entretenimento:“Não faço filmes para fazer dinheiro. Faço dinheiro para fazer filmes.” Com o passar dos anos, fica claro que a estratégia de Iger, que permanece como CEO da companhia, de comprar a Pixar se mostrou correta. Ter em mãos o maior celeiro criativo do cinema americano moderno não representava apenas vários bilhões a mais de dólares nos cofres.
É também o caminho para manter a Walt Disney Company na vanguarda da animação digital e da criação de filmes e personagens que seduzem multidões de espectadores ao longo dos tempos. “A Pixar trouxe o espírito Disney para a geração atual”, afirmou Jeffrey Katzenberg, CEO da Dreamworks Animation, a maior concorrente da Pixar, à DINHEIRO. Foi Katzenberg, por sinal, então um executivo de primeiro escalão na Disney, que selou a parceria com a Pixar em 1991.
Não poderia ser mais irônico, portanto, que Lasseter, cujo talento à frente da Pixar foi reconhecido pelo pessoal da Disney, tenha sido demitido do estúdio quando lá trabalhou, em 1984. Mais curioso, ainda, é pensar que ele, até então apenas um jovem prodígio da animação, foi despedido justamente por querer fazer desenhos em computação gráfica, algo considerado caro, demorado e sem futuro pelos executivos da empresa naquele momento. Mover o ângulo de visão do público em um desenho feito à mão, por exemplo, era algo tremendamente difícil e com resultados aquém do esperado.
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Mas Lasseter estava fascinado com a possibilidade de um dia contar histórias por meio do computador, e conseguiu realizar seu objetivo anos mais tarde. Nesse aspecto, o modo de trabalhar da Pixar, que privilegia a colaboração contínua das equipes, foi fundamental nesse processo. “Talentos são melhorados ou diminuídos de acordo com o ambiente no qual eles estão inseridos”, disse em outra ocasião Steven Johnson, autor do livro Where Good Ideas Come From (De onde vêm as boas ideias), ainda não lançado no Brasil.
A demissão foi um duro golpe que Lasseter só conseguiu superar completamente quando voltou a Disney, por conta da aquisição da Pixar. “Mas, no final das contas, aquela experiência me fez ser o líder criativo que sou hoje”, diz (leia entrevista ao lado). As circunstâncias de sua saída foram essenciais para a definição do estilo de gestão que ele viria a empregar com os seus funcionários. Na Pixar, um dos pontos centrais do trabalho é que os todos compartilham ideias, projetos e solução para problemas. “A criatividade é uma qualidade abundante na Pixar porque a empresa estimula como poucas a colaboração de todos os seus funcionários nos projetos”, afirma Bill Capodagli, autor do livro Nos Bastidores da Pixar - Lições do Playground Coorporativo Mais Criativo do Mundo.
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A Pixar não se tornou apenas a referência para empresas que querem ser criativas e inovadoras, mas também mudou o mercado mundial de animação. Percebendo o grande sucesso da empresa, muitos outros estúdios passaram a apostar em animações em computação gráfica. Entre os mais bem-sucedidos nessa empreitada estão Blue Sky, de A Era do Gelo e Rio, e a Dreamworks, de Shrek e Kung Fu Panda. Na década que se seguiu ao lançamento de Toy Story, nunca houve mais de quatro longas animados lançados em um mesmo ano. De repente, a partir de 2006, o mercado assistiu a uma explosão no número de novos títulos. Foram dez só naquele ano.
A média não voltou aos níveis anteriores, mas também não cresceu muito. Este ano, serão 12 novos desenhos. “Falta mão de obra qualificada”, diz Mauricio de Sousa, o pai da Turma da Mônica. Ele próprio é um fã do modelo desenhado por Lasseter. O empresário quer fazer da Mauricio de Sousa Digital Productions (MSDP) a Pixar brasileira. “Técnica e artisticamente, eles são o ateliê de animação mais sofisticado do mundo”, afirma.
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Os produtos licenciados do filme carros 2 devem faturar, em 2011, mais de US$ 4,5 bilhões
Créditos: Revista Isto é Dinheiro

~Abraços Blogueiro Paulo Henrique~

1 comentários:

jhallow disse...

parabéns pela postagem gostei muito.!!

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